Friday, April 23, 2010

Meu Último Desejo


"Nosso amor que eu não esqueço, e que teve o seu começo

Numa festa de São João.

Morre hoje sem foguete, sem retrato e sem bilhete,

sem luar, sem violão.

Perto de você me calo, tudo penso e nada falo

Tenho medo de chorar

Nunca mais quero o seu beijo mas meu último desejo

você não pode negar

Se alguma pessoa amiga pedir que você lhe diga

Se você me quer ou não, diga que você me adora

Que você lamenta e chora a nossa separação

Às pessoas que eu detesto, diga sempre que eu não presto

Que meu lar é o botequim, que eu arruinei sua vida

Que eu não mereço a comida que você pagou pra mim"

(Último desejo - Noel Rosa)

Obs
: Com este samba, Noel despediu-se de Ceci.
Toda a
amargura provocada pelo amor fracassado
aparece nesta
obra tão endereçada à
‘‘dama do cabaré'' que ele pediu ao parceiro
‘Vadico' que entregasse
a letra a ela.
Segundo contou Ceci ao jornalista, crítico

e historiador
Ary Vasconcelos, numa entrevista
para a revista ‘Fairplay', ela recebeu
a letra
junto com anotícia da morte
de Noel Rosa. João
Máximo e
Carlos Didier contam que, ao entregar
a letra,Vadico comentou:
‘‘Acho que ele te
castiga um pouco neste
samba, Ceci.'' É provável
que Cecitenha-se sentido castigada, mas Noel
contribui, sem dúvida,
para mais uma
obra-prima da música
popular brasileira.

Monday, July 06, 2009

Com um zumbido nos ouvidos brincamos eternamente

Começamos a perceber que estamos envelhecendo ao ver nossas amigas do primário com seus filhos, maridos, responsabilidades, vidas que se afastam gradativamente das de seus progenitores.

A pele perde sua elasticidade e as machas de insolação cobrem o corpo, pontos, círculos, reticências infinitas. As pontas dos dedos não mais alcançam o teto, convergem e dançam ao segurar o velho corrimão. Tudo parece tão mais distante e triste e cinza e blasé. E os olhos apenas olham o horizonte retilíneo e finito. O pôr-do-sol perde sua magia, as nuvens parecem apenas nuvens, e a chuva nos remete a inundações e catástrofes. Aquele dia especial virou uma piada sem graça e o próximo enclausura-se em seu mundo de aparatos tecnológicos e desnecessidades urgentes.



“E eu só quero sair pela manhã e beijar a chuva. Quero esquecer as chaves do carro e ter que ir caminhando até o infinito. Lutar por um punhado de auto-afirmação e um banho quente. Só preciso me ter por perto e nada mais. E as correntes quebrarão e a grama estará menos morta no verão e as pessoas... E as pessoas? Para quê elas servem?”

Reýk Odinsson

Monday, June 29, 2009

Tiempo y Siléncio

"Una casa en el cielo
Un jardín en el mar
Una alondra en tu pecho
Un volver a empezar

Un deseo de estrellas
Un latir de gorrión
Una isla en tu cama
Una puesta de sol

Tiempo y silencio
Gritos y cantos
Cielos y besos
Voz y quebranto

Nacer en tu risa
Crecer en tu llanto
Vivir en tu espalda
Morir en tus brazos"
*Música de Cesaria Evora

Tuesday, April 21, 2009

O Último Pôr-do-Sol

"A onda ainda quebra na praia,
espumas se misturam com o vento.
No dia em que você foi embora, eu fiquei
sentindo saudades do que não foi
lembrando até do que não vivi, pensando em nós dois"

(O Último Pôr-do-Sol/Lenine)

Saturday, March 28, 2009

No Limiar

E se eu pudesse simplesmente dar um passo à frente, deixando meu corpo bater ao de um ônibus escolar em alta velocidade repleto de crianças sorridentes, felizes e poeticamente ingênuas.
Não me importaria em pensar no “after all” (isso às vezes é tão (in)oportuno quanto a morte). Não sentiria remorso algum. Não é de minha natureza. Nunca foi. Vejo como uma experiência - mais uma entre tantas outras – possivelmente a última. O Descaso para comigo mesmo chega a ser clichê. Contudo, no limiar para um espaço maior, debruço-me para fora de mim mesmo vertendo-me ao chão, emporcalhando o assoalho com minha essência fétida e imoral. Imoral como aqueles que conhecerei ao esparramar-me por toda a sala, com suas janelas e persianas... coloridas, em tons claros, talvez o céu fosse a inspiração – piegas.

Thursday, January 01, 2009

Resolução # Odin


"Assertividade das emoções passa primeiro por um processo de sublimação das mesmas, seguido de uma conveniente negação e suposta mitigação d’alguma lembrança dolorosa."


Aquilo que parece estranho é arremessado escada abaixo ou suprimido em um estado letárgico de pseudo-aceitação ou inerente convivência. Pessoas, momentos, sonhos suprimidos com tal radicalismo que se suspeita de sua fonte – imaculada essência. E qual o propósito de tudo isso? Simples. É mais fácil para um peixe aceitar o oceano como seu lar, ao invés de perceber que, possivelmente, este também será o seu túmulo. É pouco forçoso ver o pôr-do-sol como fim do dia, e não aprecia-lo como o início da noite. É trágico perceber que as pessoas são tão descartáveis em vista de um grupo maior, sendo elas, ao mesmo tempo, protagonistas em seus monólogos mecanicistas e figurantes sem brilho em um palco grandioso, o mundo que conhecemos. Mundo este que há muito deixou de contar por unidades, passando a milhares em um par de segundos...

Friday, December 19, 2008

Deusa da Minha Rua

A deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua costuma se embriagar
Nos seus olhos, eu suponho
Que o sol, num dourado sonho, vai claridade buscar
Minha rua é sem graça
Mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta é uma paisagem de festa
É uma cascata de luz
Na rua uma poça d'água, espelho da minha mágoa
Transporta o céu para o chão
Tal qual o chão da minha vida
A minh'alma comovida
E o meu pobre coração
Espelho da minha mágoa
Meus olhos são poças d'água
Sonhando com seu olhar
Ela é tão rica e eu tão pobre
Eu sou plebeu, ela é nobre
Não vale à pena sonhar
(Newton Teixeira/ Jorge Faraj)

Friday, December 05, 2008

Dezembro, uma praia... O pôr-do-sol

Poderia escrever um livro inteiro sobre nós dois, mas me seria inútil, pois nunca permitiria que você o lê-se. Você arruinou a minha vida, destruiu os meus sonhos, e nisso lhe sou eternamente grato. Esqueci meus valores e adotei princípios outrem para justificar aquilo que me era tão estranho. Aprendi a esconder meus sentimentos, a sublimar o amor, a enclausurar-me hermeticamente em um mundo que só eu entenderia. Tornei-me um misantropo, um sociopata, um erro de cálculo da Mãe Natureza.

Dispersei resquícios de racionalidade por debaixo de todos os cômodos da casa. Empoeirados eles agonizam como que pedindo clemência... mas não adianta. Você me ensinou que não adianta.


...e esbraveja: “Ainda posso olhar para o céu e ver quão sádico é o senhor meu Pai. De todo o coração, eu lhe agradeço. Afinal, somos todos masoquistas em um mundo de fantoches. Você me amou, você me rejeitou, vou me deu a vida e a tirou de mim com um único golpe... você me subestimou, mas eu sei que irei perdurar e com ódio me farei digno de seu rebanho”.

Tuesday, December 02, 2008

Um lampejo existencial

"Nós não vivemos apenas na nossa própria época. Também transportamos a nossa história connosco. Não te esqueças de que tudo o que vês aqui foi outrora novo em folha.
Esta pequena boneca de madeira do século XVI talvez tenha sido feita para o quinto
aniversário de uma menina. Talvez pelo seu velho avô... Depois, chegou à adolescência, Sofia. Depois, tornou-se adulta e casou-se.
Talvez ela própria tenha tido uma filha que herdou esta boneca.
Depois, envelheceu, e um dia morreu.

Talvez tenha tido uma vida longa, mas deixou de existir. E nunca mais regressará. No fundo, ela fez aqui apenas uma curta visita. Masa boneca está na estante.

- Tudo se torna tão triste e sério quando falas assim.

- Mas a vida é triste e séria. Entramos num mundo lindíssimo, encontramo-nos aqui, apresentamo-nos uns aos outros - e caminhamos juntos mais um pouco. Depois, perdemo-nos e desaparecemos tão súbita e inexplicavelmente como viemos."


O Mundo de Sofia ( Jostein Gaarder )

Saturday, November 22, 2008

Buscando Respostas para o Óbvio


"Eu fui apresentado à racionalidade do mundo e esta não me agradou. Busquei na metafísica respostas e não as encontrei... Caí mais uma vez no mundo que não quero estar, mas teimo em tentar entender."

Sunday, October 26, 2008

Um lugar para chamar de Lar


Com todo o sentimento

"Prometo te querer
Até o amor cair
Doente
Doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei, como encantado
Ao lado teu"

(Todo o Sentimento/Chico Buarque)

Friday, October 17, 2008

All the pleasure is mine

E me perdi na tentativa de me reencontrar.
Joguei tudo para o alto e arrisquei, sem pensar.
Fiz da minha história uma piada e a repeti, e repeti outras mil vezes,
Até que um dia todos pudessem acreditar.

Lancei mão de palavras vazias e idéias batidas,
Mas nada mudou.
Brinquei de ser importante e mesmo distante olhei para trás.
Melancólico, vi como foi irrelevante e sombrio.
E nada daquilo passou.

Sonhei em voar até Marte só para não ter que voltar.
Escondi minha vergonha e arremessei o foguete contra a parede.
Não podia lutar, eu sabia do meu lugar e nada faria para mudar.
Seria demasiadamente simples no caos em que vivo
Pisar novamente em chão conhecido e implorar por algo que me lembre,
Que me lembre daquilo que quero esquecer.

Saturday, October 04, 2008

Seja você mesmo bem-vindo ( um para trás e dois para frente )


Há dois anos tudo era bem diferente, com exceção da motivação para escrever...

Esta lacuna temporal me levou ao ápice de minha infertilidade criativa. Havia perdido a essência do "expressar" e o gosto pelo "escrever" - não para agradar aos outros, mas para externar a inquietude de uma alma fragmentada em centenas de pedaços hermeticamente perfeitos.

Desvincular-me-ia de qualquer agonia premeditada caindo em um abismo ágrafo, fruto de uma vivência social puramente retórica e desonrada. Agora tento fazer o caminho inverso, a volta. Escalo o paredão de mármore com minhas vestes rasgadas e dedos ensangüentados... Mas nada importa quando se tem uma meta, por menos racional que esta possa ser.

Após todo este tempo, cruzei o Estige na direção contrária à habitual com o desejo ardente de deixar um legado que me qualifique como um ser pensante. Mesmo que demore outro par de anos, tenho a convicção que alcançarei meu objetivo e poderei, finalmente, tomar chá com Soljenitsin em nosso gulag etéreo... muito além da aurora boreal.

Saturday, August 12, 2006

Isso é realmente necessário?

Por mais que eu quisesse, não conseguiria lhe apagar de minha história.
Uma página rasgada de um diário com alguns poucos rabiscos.

Passar-se-iam mil anos até que a lembrança daquele momento se apagasse de minha memória.
Ainda lembro de seu sorriso bonito, suas palavras desconexas.
Você me olhava e dizia qualquer tolice com o verbo “gostar”.
Talvez não fosse isso o que eu queria ouvir, mas você sabe que sempre me contentei com tão pouco.

Sua atenção me era arredia.
Pegava em suas mãos a fim de lhe prender nesta dimensão.
Dezenas de tentativas mal-sucedidas.
Chorei por não saber chorar.
Virtudes desintegravam-se paulatinamente no ar.

Detive-me apenas em lhe admirar e Deus sabe como apreciei cada segundo que me foi concedido por sua impaciência juvenil.

Às vezes ainda me surpreendo olhando fotos antigas.
Fotos felizes. Todas pareciam dizer a mesma coisa...

Relutei em não ouvir, em não ver, em perceber que tudo não passava de um jogo efêmero.
Melhor assim, pois agora posso olhar para o meu passado e sorrir, pois por mais doloroso que um “adeus” pudesse vir a ser, a agonia de um “até logo” teria sido insuportável.
*Imagens de Frida Khalo

Coesão


Meta-Introdução
Interessante notar como o tempo passa rápido sob o agonizante calor dos trópicos. Ontem corria para a casa a fim de não perder um segundo sequer de meu Cartoon favorito. Hoje divido o meu tempo entre duas faculdades e a promessa de um "algo a mais" milhares de quilômetros ao norte daqui.
Há meses venho delegando a mim mesmo, compromissos, responsabilidades, tarefas que dificilmente consegui concluir... passei dias (talvez não tenha terminado) olhando para fotos antigas, lendo textos caducos; páginas velhas com layout contemporâneo.

Um Novo REcomeço
Por anos segui à risca a política do "politicamente correto". Baixei a cabeça quando não devia, omiti opinião sempre que podia e tudo o que consegui foi um punhado de sorrisos amarelados. Joguei com a sorte quando percebi que de minhas mãos nada dependia. Olhei dezenas de milhares de vezes para um amontoado de pedras sob a goteira de um barulhento ar-condicionado, todavia nenhuma de suas faces polidas acalentou minha alma. Abafei meu grito com travesseiros de espuma, pensando nos gansos que nunca conheci e, no final, dormia em face da desgraça de um alienado que julgava perseverar em meio a promessas superficiais de felicidade.

O Mesmo Fim
A trajetória de uma árvore oca, cujos frutos não passam de protótipos de boas intenções, encerra-se hermeticamente com mais um desabafo vazio.
Migalhas como esta entopem os canais que levam meu sangue até o cérebro... Ceifando mais uma possibilidade de existência.

"Frutificai-vos e multiplicai-vos e enchei a terra, subjugando-a e dominando os peixes do mar e as aves dos céus, bem como todo ser que se arrasta pela terra" (Gênese 1:28)
* Foto de Lucas Mateus

Saturday, December 31, 2005

Um “desabafo” vazio (finja entender)

- Eu sei o quão bom posso ser, mas não custa nada saber a sua opinião

- Não Sol, o destino de Edi está atrelado ao seu, como unha e carne

Em nossa era “MTV”, as emoções humanas aparecem como antíteses à razão. Ser racional passou a ser característica de pessoas frias, sem sentimentos. Chorar ao assistir um comercial de margarina, revoltar-se pela quebra de ideais românticos; poderiam ser interpretados como desenvoltura artística, não necessariamente, como um estereótipo de humanidade.

“Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos “ (Anais Nin)

Talvez seja cult ler O Terceiro Travesseiro e cair em um desolamento existencial, onde seus pais, seus amigos, o mundo, fedem a carniça. Você olha para as paredes e sente vontade de tocá-las. Tenta sentir suas vibrações e fica certo que ali existe vida. Encolhe-se em sua cama o máximo que pode, esperando que sua vizinha coloque aquela música de Celine Dion, mesmo que você finja odiá-la ... Foi lindo, mas o Oscar não virá para você este ano.

Olhamos as crianças etíopes morrerem de inanição na TV e nos sentimos tristes pelo mundo ser tão injusto. Quem sabe após a segunda rodada de hambúrguer com fritas não nos sintamos melhor. Queria tanto ajudar o mundo, sair por aí em alguma caravana humanitária e salvar dezenas de filhos da fome. Dinheiro não tenho (talvez depois de comprar aquele sapato, penso). Como pôde?!, lágrimas descem copiosamente. Aquele desgraçado do Bush, filho de uma puta. Espero que ele queime no inferno (deveria eu mostrar um pouco de compaixão?).

- Foda-se! Foda-se! Foda-se! (prefiro “dane-se, seu cara de bunda”, mas não quero parecer infantil)

ATITUDE, mesmo que a idéia de auto-suficiência psicológica não dure mais um verão.

Thursday, October 13, 2005

Eu, eu mesmo e um cara que perguntou o meu nome


Eu adoraria ter tempo para me preocupar com as pessoas como elas realmente merecem ... mas acho que agora nâo consigo fazer isso de uma forma honesta. Adoraria saber o que você comeu, ou o que você deixou de comer, enquanto eu saí para antender a porta, mas, verdadeiramente, isso nâo mais me importa. ( pelo menos não hoje )

( E comemoração ao aniversário de um ano do Caiomustdie.blogspot, decidi publicar novamente o texto acima, lançado inicialmente no dia 24 de Dezembro de 2004 )
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Sunday, October 09, 2005

Espero que a morte lhe sirva de lição, Caio.

Eu o matei, e não me arrependo disso. Não suportava ver Caio limpando suas unhas sujas de barro, enquanto o sol lhe enrugava as feições. Ele merecia morrer. Sua primeira infância não suportaria tamanho desprezo; desilusões e lirismo inocularam inquietações moralistas em seu subconsciente... Niilista como seu outro eu, em sua segunda infância, repudiava a face amiga com um escarro. Caio está morto, sua pele rompeu-se em um minúsculo big bang, revelando o cetáceo que lutava para se libertar. “Deus está morto!”, exclama Nietzsche ... “Deus está morto!”, corrobora Reýk, o novo responsável por este espaço, o assassino.

Ass: Reýk Odinsson
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Friday, October 07, 2005

I Mostra Itinerante do Cinema Francês comemora 120 anos de Aliança Francesa no Brasil

Não só de cinema vive o mundo, por isso a Aliança Francesa preparou uma programação especial para este mês. No dia 13, às 19 horas, no auditório da A.F Natal, o professor Rémi Astruc, da Universidade de Nancy, dará uma palestra sobre os 100 anos do Estado laico na França. Um dia após a palestra, no mesmo horário, ocorrerá um sarau poético e degustação de crêpes na Livraria Siciliano, Midway Mall, e a partir do dia 18, duas exposições encerrarão as comemorações de outubro. Os trabalhos de Marcel Proust, importante escritor francês, estarão à mostra na Galeria da Aliança até o dia 31 deste mês, enquanto as fotografias de Andrelou Vallarelli poderão ser apreciadas na exposição Les gens de Paris, disponível até o dia oito de novembro, na Capitania das artes