Saturday, November 27, 2010

A Felicidade em Freud

O Conceito de felicidade é particularmente complexo e intrigante. Ele tanto exprime uma sensação de prazer, como também a fuga do desprazer, do sofrimento. Esta dualidade semântica me faz refletir sobre o que nos é realmente importante: ser feliz ou não ser infeliz? O que pode soar até engraçado, pois pela lógica parece que é a mesma coisa.

O prazer contínuo é inalcançável, visto que o mesmo transformar-se-ia em um bem-estar comodista, podendo provocar no ser humano uma sensação de angústia e inquietude. Não havendo mais desejos a serem realizados, o homem cairia em uma tediosa “realidade plena”. Segundo Freud, a felicidade consiste no contraste entre o prazer e o desprazer, o que faz da fuga do sofrimento uma de suas características mais importantes. Portanto não adianta querer ser feliz sem antes conhecer o medo, a angústia e o sofrimento. Sem esta bagagem, tudo é supérfluo, kitsch.

A dicotomia prazer-sofrimento também se faz presente em um sentimento considerado ainda mais elevado: o “Amor”. Não vejo necessidade em tratarmos algo apenas por uma de suas faces, mas sim como um todo, um emaranhado de idéias que se entrecruzam, compondo fibras fortes e perenes. Há a necessidade de se abstrair mais ainda certos conceitos básicos como o de necessidade, poder, honra. Não é admissível degenerar um sentimento transformando-o apenas em um conjunto de sílabas. Seria simples demais.

“Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte”

Sigmund Freud


Tuesday, November 23, 2010

Identidade para quê?

A quem estou enganando?! Não sou mais o mesmo. As coisas se tornaram fáceis demais. O amor tornou-se previsível, as conversas repetitivas e as ações calculadas. Não há mais graça no jogo da vida. Já me é difícil surpreender-me com a simplicidade de um pôr-do-sol ou de uma chuva de verão. E eu sigo descalço pelo asfalto quente em uma silenciosa penitência. Caminho sem rumo, querendo perder-me para depois me encontrar e depois, perder-me novamente em meio a uma colcha de comodismos e pseudo-realizações. Quero me esconder sob o capuz da animosidade e tornar-me, no mínimo, subversivo e subserviente às minhas próprias vontades. Preciso do oposto, do outro, do ímpar. Preciso escapar do senso comum que apenas corrobora com aquilo para o que fomos condicionados.

“Gosto quando as coisas vêm a mim, como de súbito, revelando sua beleza eterna em um piscar de olhos. Depois as ignoro e volto à realidade de mais um dia febril”