Monday, July 06, 2009

Com um zumbido nos ouvidos brincamos eternamente

Começamos a perceber que estamos envelhecendo ao ver nossas amigas do primário com seus filhos, maridos, responsabilidades, vidas que se afastam gradativamente das de seus progenitores.

A pele perde sua elasticidade e as machas de insolação cobrem o corpo, pontos, círculos, reticências infinitas. As pontas dos dedos não mais alcançam o teto, convergem e dançam ao segurar o velho corrimão. Tudo parece tão mais distante e triste e cinza e blasé. E os olhos apenas olham o horizonte retilíneo e finito. O pôr-do-sol perde sua magia, as nuvens parecem apenas nuvens, e a chuva nos remete a inundações e catástrofes. Aquele dia especial virou uma piada sem graça e o próximo enclausura-se em seu mundo de aparatos tecnológicos e desnecessidades urgentes.



“E eu só quero sair pela manhã e beijar a chuva. Quero esquecer as chaves do carro e ter que ir caminhando até o infinito. Lutar por um punhado de auto-afirmação e um banho quente. Só preciso me ter por perto e nada mais. E as correntes quebrarão e a grama estará menos morta no verão e as pessoas... E as pessoas? Para quê elas servem?”

Reýk Odinsson

Monday, June 29, 2009

Tiempo y Siléncio

"Una casa en el cielo
Un jardín en el mar
Una alondra en tu pecho
Un volver a empezar

Un deseo de estrellas
Un latir de gorrión
Una isla en tu cama
Una puesta de sol

Tiempo y silencio
Gritos y cantos
Cielos y besos
Voz y quebranto

Nacer en tu risa
Crecer en tu llanto
Vivir en tu espalda
Morir en tus brazos"
*Música de Cesaria Evora

Tuesday, April 21, 2009

O Último Pôr-do-Sol

"A onda ainda quebra na praia,
espumas se misturam com o vento.
No dia em que você foi embora, eu fiquei
sentindo saudades do que não foi
lembrando até do que não vivi, pensando em nós dois"

(O Último Pôr-do-Sol/Lenine)

Saturday, March 28, 2009

No Limiar

E se eu pudesse simplesmente dar um passo à frente, deixando meu corpo bater ao de um ônibus escolar em alta velocidade repleto de crianças sorridentes, felizes e poeticamente ingênuas.
Não me importaria em pensar no “after all” (isso às vezes é tão (in)oportuno quanto a morte). Não sentiria remorso algum. Não é de minha natureza. Nunca foi. Vejo como uma experiência - mais uma entre tantas outras – possivelmente a última. O Descaso para comigo mesmo chega a ser clichê. Contudo, no limiar para um espaço maior, debruço-me para fora de mim mesmo vertendo-me ao chão, emporcalhando o assoalho com minha essência fétida e imoral. Imoral como aqueles que conhecerei ao esparramar-me por toda a sala, com suas janelas e persianas... coloridas, em tons claros, talvez o céu fosse a inspiração – piegas.

Thursday, January 01, 2009

Resolução # Odin


"Assertividade das emoções passa primeiro por um processo de sublimação das mesmas, seguido de uma conveniente negação e suposta mitigação d’alguma lembrança dolorosa."


Aquilo que parece estranho é arremessado escada abaixo ou suprimido em um estado letárgico de pseudo-aceitação ou inerente convivência. Pessoas, momentos, sonhos suprimidos com tal radicalismo que se suspeita de sua fonte – imaculada essência. E qual o propósito de tudo isso? Simples. É mais fácil para um peixe aceitar o oceano como seu lar, ao invés de perceber que, possivelmente, este também será o seu túmulo. É pouco forçoso ver o pôr-do-sol como fim do dia, e não aprecia-lo como o início da noite. É trágico perceber que as pessoas são tão descartáveis em vista de um grupo maior, sendo elas, ao mesmo tempo, protagonistas em seus monólogos mecanicistas e figurantes sem brilho em um palco grandioso, o mundo que conhecemos. Mundo este que há muito deixou de contar por unidades, passando a milhares em um par de segundos...